SAÚDE BUCAL E PREVENÇÃO
Hoje em dia, diante de tantos métodos de prevenção,
tornou-se inaceitável falarmos em odontologia curativa para nossas crianças e
adolescentes.
Além do uso de flúor para prevenção de cáries (estudos já
comprovaram uma diminuição em até 40 % índice de caries com uso de flúor), bem
como escovas dentais, fio dental e os mais diversos enxaguatórios bucais,
devemos realizar diagnóstico precoce para impedirmos o aparecimento das doenças
bucais e conseguirmos bocas e sorrisos bonitos e saudáveis.
Não podemos nos
esquecer também que é muito importante um consumo inteligente de açúcar.
Para tanto deveria existir um programa promovido pelas
autoridades competentes que permitisse à população uma visita periódica aos
dentistas e seus tratamentos quando necessário.
A cavidade bucal é sede de uma série de condições
patológicas.
Algumas destas são muito frequentes e amplamente conhecidas por
médicos e dentistas, tais como as cáries, doenças periodontais, cânceres de
cavidade oral, doenças provocadas por bactérias, vírus (herpes simples) e
fungos (cândida albicans), úlceras traumáticas, etc.
Sabe-se, também, que a
boca pode ser acometida como parte de quadros sistêmicos (leishmaniose,
blastomicose, doença de Behçet, coxsakie, etc.) e que outras doenças podem
conferir maior susceptibilidade para desenvolver secundariamente afecções
bucais.
O diabetes mellitus se constitui em uma das principais doenças que
predispõem a candidíase oral e doença periodontal.
Mais recentemente, a
síndrome de imunodeficiência adquirida passou a ser importante causa de doenças
da cavidade oral, uma vez que propicia condições imunológicas ao doente de
desenvolver infecções oportunistas, as quais frequentemente se localizam na
pele e mucosas, em particular, na boca.
A cárie representa uma das mais infecções mais prevalentes
no homem.
Dados do Ministério da Saúde revelam que a cárie afeta cerca de 96%
da população brasileira. Existe uma predisposição individual, mas sem dúvida
sua frequência também depende de fatores exógenos.
Apesar da heterogeneidade na
predisposição individual e da variedade de fatores de risco a que os indivíduos
estão submetidos, os programas de prevenção são dirigidos para a população como
um todo (abordagem populacional).
Um exemplo de estratégia populacional de
prevenção da cárie é adição de flúor na água. Apesar desta, jovens brasileiros
entre 15 e 19 anos apresentam em média, 12,7 dentes afetados por cárie e 1,9
extrações, segundo levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, em 1986.
A
Organização Mundial da Saúde propôs um programa denominado “Saúde para Todos no
Ano 2000”, que tem por objetivo reduzir, em crianças até 12 anos, o número de
dentes afetados por cárie a menos de três por criança.
A doença periodontal também se constitui numa frequente
afecção da boca, caracterizada por inflamação e/ou destruição de tecidos
gengivo-periodontais. Condições locais, relacionadas a deficiente higiene
bucal, favorecem o desenvolvimento de um processo inflamatório através de uma
invasão bacteriana, de proporções variáveis.
Desencadeia uma série de consequências
para o dente, que variam de indivíduo para indivíduo, que podem culminar com a
perda do mesmo.
Condições sistêmicas e certos medicamentos utilizados
cronicamente podem predispor ou agravar o quadro, entre estas o diabetes, a
AIDS, certos distúrbios hormonais, infecções virais, corticoterapia, etc.
(Bretz, 1996).
De fato, vários estudos apontam aumento na incidência e
prevalência de doença periodontal em indivíduos diabéticos (Betschart, 1997).
Outras afecções da boca também merecem destaque. Lesões
ulceradas podem ter origem traumática, infecciosa e neoplásica.
Dentre as
lesões nodulares valem ser citados os granulomas inflamatórios de gengiva e
tumores benignos; dentre as bolhosas a mucocele e os hemangiomas; as lesões
vesiculares mais frequentes decorrem do herpes simples, que ocorrem em
indivíduos imunodeprimidos ou não.
Lesões em placa podem ser leucoplasias que
se constituem em lesões pré-neoplásicas; estas podem ainda ser pigmentadas ou
enegrecidas como nos nevus (potencial de malignização), tatuagens ou pela
amálgama (Revista da APCD, maio/junho 1996).
Christian Wehba
Mestre e especialista em periodontia, membro do corpo clinico do centro de diabetes da UNIFESP.
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